Pages

FINGIR

O que fazer a respeito?
Se os donos dos cinemas deveriam proibir
os escandalosos e violentos,
mas preferiram iluminar a sala
com grandes holofotes?


Acaso não são os herdeiros do mundo,
em que o sentido verdadeiro da natureza
é colocar em serviços as partes caducas do seu tempo,
sem constituir nada além da arruaça?


Magos de uma segurança privada,
da novidade sem esperança,
enquanto se amontoam escondidos no
galho cerrado, encolhidos, em si mesmos.


A não sobrar nada, nem o que recolher.

APENAS UMA VEZ

O destino não selado,
na dúvida por um instante,
eram duas tentativas correlatas
de se escrever a história
ao passar daquilo que aconteceu.

No prognóstico impreciso
aspectos reais não são o mesmo que delírio.

Toda condenação é um ato de pureza
onde o perdão não pode ser tocado
nem motivos reivindicados,
a se salvar por coincidência
ou a trôco de nada.

Cedo ou tarde a autoridade triunfa
pelo único nome a atravessar as épocas
antes do tempo e da fundação do mundo
na ordem por muitos ignorada
mas sustentada na palavra.

Determinou a origem e o fim
como estrada aberta em mata virgem
tão longa que falta fôlego imaginar,
homens perdidos, unidos na fé,
uma vez, como a dada aos santos.

Mas do que se passou não há lembrança
nem suspeita
quando no livro aberto
nenhuma ausência for sentida.

A necessidade de reparar
não precipitou o desfecho,
ainda que sempre estivesse escrito.