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ANTES, DEPOIS

[1]

O domínio do pecado,
na liberdade de não ser livre,
enquanto se sujeita à morte,
como fruto podre da velhice.

Não se vive o tempo longínquo,
em suspeitar o outro espreitá-lo,
a muito se aprovou o que não fez,
e censurou o que não foi feito,
o bem como sinal de que virá depois,
quando o homem vendido no pecado
for no sangue reavido.

Miserável homem!
Que na vida não se livrou da morte,
tem o mal como companhia constante,
como sitiado por inimigos de batalha,
preso como coisa esquecida
na consciência imperceptível da carne.

[2]

A pregação não pode menos que a ordem,
a doutrina não pode menos que a palavra,
e a razão para acreditar não está no indivíduo
nem nos efeitos da vontade,
mas diante da verdade que se tem ouvido,
pode-se entendê-la até as raízes da fé
uma vez comunicada pela graça.

Ao ouvir palavras de vida,
quando ainda estava morto,
antes mesmo de existir,
seu lugar estava reservado
na unidade do corpo.

Por alto preço foi comprado,
quando ainda não valia nada.
Andando agora segundo o espírito
não é mais um condenado,
mas co-herdeiro da glória porvir.