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Gramar


As palavras correm desavisadas,
como se fossem águas incontidas,
a rodear uma cidade indigente,
por cujos lábios é hostilizada.

Andam errantes de manhã à noite,
olhos atentos e ouvidos moucos,
uma víbora que cerra os dentes
e carrega os encantos digestivos.

Não se coram na violência,
nem se purgam nas sombras,
têm a alma em sustenido,
presa ao lamento dos homens. 

Lao


 Tomas tua desgraça e vesti-te em ti mesma
pois não hás de tecer o que te cubras,
nem podes alinhar-te em refúgios,
nem adornar-te a seres menos árida,
não trazes aromas que te reputes.

O ardor que em ti hás,
és água-morna a vomitar-te.