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A PALAVRA

Onde está o refúgio?
E o socorro no momento
da angústia presente?


Quando o trovão não emudece,
nem a terra se muda,
ou o mar faça-se abrir
na escuridão perturbadora?


O silêncio não é o fim da guerra
nem mesmo a trégua,
em que as vozes se calaram
por esquecer o grito.


Antes, os pensamentos são sepulturas
de palavras mortas,
onde a mente recebeu a pintura
grotesca e rebuscada,
do juízo desfeito em prisão.


A palavra não se media pelo
soprar do vento,
pelas dores do parto,
a mão cheia de sangue,
os bens entregues ao louco,
mas por quem a conhecesse.


Inclinem-se os ouvidos,
fecha-se a porta dos lábios,
e os olhos contemplem,
para que laços não amarrem,
nem a alma se parta como
a lenha na lâmina do machado,
e não seja apanhada na rede.


A rocha é a palavra que seus
dedos esculpiram na rocha.


O esconderijo sem fuga.