A MORTE DA MORTE
Onde está o sinal prévio?
Se em cada esquina deu-se à dor?
E não compor o estilo para não ser exigido,
por que ao silêncio persuasivo de que adiantam
palavras imperiosas?
O vigor do corpo alivia a alma perdida
em buscar paliativos quando se esqueceu de tudo,
no momento em que o tempo passado não se chega
mas anda-se segundo o curso do mundo, a
desfrutar os laços cingidos, noite após
noite, a chance menor fugidia.
A atacar-me a idéia da morte,
uma mente sem Deus é como uma ferida crônica,
quem dera não ter a consciência afligida
nem ninguém a cobrá-la, e assim rir-se
no enleio do choro convulsivo, às vistas do espelho casto
ocultar o mistério que ninguém sabe, nenhum olho viu,
ouvido não ouviu, antes é o desfrute louco,
o fraco a confundir o forte,
as coisas que não são a destruir as que são.
Ele levou cativo o cativeiro,
Aspergiu o cheiro de morte para morte aos que se perdem,
e a fragrância de vida para vida aos que se salvam,
Da morte fez vida pela vida que nos deu na sua morte.
OCUPADO
Filósofos fazem perguntas
enquanto todos se esforçam para colocar
o mundo em ordem, sem respostas,
ignorando a única chave
em prol de idéias abstratas.
Criam-se heróis sem defeitos
ocultos em falhas maiores
a imagem da coisa errada anulada
do começo ao fim a caricatura de mentes excitadas
no desafio de construir sem forma o primeiro passo recusado.
Assumir que à frente não se pode fugir nem
gastar uma noite consigo mesmo
ou afagar muitas vidas ao invés de uma.
Pois tem-se feito sem argumento,
enfrentamentos sem luta,
a denúncia como uma parte não assumida
de se ir mais longe que o pensamento
voltado para dentro do coração.
Não se vê muitas coisas nem se
deseja que todo o mal aconteça,
sabia que aquela voz não diria: pare!
a impedir a disposição voluntária de
que o próprio significado fosse governado
pela óbvia conduta distorcida, e fizesse
culpado de assassinato, de ciúme, inveja,
malícia, o mal que no outro era desonra
não tornava-me réu mas querer fazer o que se
quer fazer, como lutar pela alma assistindo novelas.
O mundo não me deixa encarar-me,
o melhor amigo apelou-me: não olhe para mim!
esqueça-se das outras pessoas, não se importe com as coisas,
deixe um pouco do que sobrou para dividir e
preencher as lacunas das vidas ou errar o alvo outra vez.
É uma maneira de dizer a última palavra
de negar as ações, ir para onde não se devia ir,
não chegar lá como o trem descarrilado
como a bola fora da linha
o passo atrás que não alcança o silêncio justificado.
Não tenho desculpa alguma,
De mim, nada há de ser dito enquanto tentar provar
dizer francamente uma desculpa
três erros à porta do inferno admite-se suficientes.
Não sou eu à minha volta, não pode ser
o mundo em mim, o último passo deixou
marcas no atoleiro, a natureza de nada se compadeceu,
a minha carne habitando um lugar profundo
onde da morte ninguém me livrou.
Sou eu que em mim mesmo torcia inutilmente
para a minha sujeira não se fundir à lama.