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ALERTA
Correr da imagem expressa, como fugir da vontade
exprimida,
de restituir o amor escasso ao corpo débil
na tela,
de desejar uma razão acusada de transigir
o espaço,
em fingir estar de acordo na mentira.

O segundo estágio é a prova de que os suspeitos,

ao substimar a generosidade, se viram condenados
a
conhecer todos os disfarces, de ver a missão
fracassada
não melhorar em nada a opinião de si
mesmos, manter intactos os contumazes defeitos.


À primeira vista, a surpresa confortável de que o exterior
estaria varrido e limpo, e de que
o interior seria um lugar
para se olhar ao longe,
onde os nomes verdadeiros fossem
esquecidos
e os pedregais aplaudissem os moinhos fumegantes.

A queixa não feita foi recebida pelos atos
que não lhe
diziam respeito,
métodos não observáveis de cura eram
alertas
das almas diligentes dos homens, entre uma e outra
oferta de tristeza colorida, não aumentava
a expectativa
dos doentes, nem apagava os desvios.


Há um número impossível, um mapa de caminhos
desconhecidos,
uma esperança apoiada no hábito de que
algumas promessas tortuosas fossem as
palavras objetadas
pelos antigos, luz em meio a trevas,
a afastá-las das fontes
de águas sulfurosas,
como leite a escorrer
de grandes mamilos.


Longos parágrafos não têm fim,
cegos deliberadamente
recusam-se a ver
os conselhos seguros pelos críticos,
como cistos restituídos às almas miseráveis.


Algum momento ainda não recolhido à prova concreta
do fim dos tempos,
de que o estágio conclusivo ainda demora,
e agora a ocasiao está avançando,
cada vez mais aquele ardor
por arrombar
a porta. Deve-se estar pronto. E dispensar
parentes e filhos enquanto se dança
junto à fogueira, a esperar
dividir os compassos no movimento preciso
de adiar a última hora.



INFINITO
Calma, o mar se tornou ainda mais tempestuoso,
Profundo, o sono não pode ser interrompido por ferroadas,
Fuja enquanto se agarra às amarras do mastro,
Lançam-se as cargas, o vento não quer o mar calado,
O silêncio é o medo de lembrar
Que a sorte ruiu como o casco em pedaços.

Calma, o mar não vai se aquietar
Até que as aves dêem voltas na terra,
E se cansem de ruflar as asas,
E recordem que o céu não lhes é permitido,
De que a terra seca é temerária.

Calma, o mar está embravecido,
Por minha causa, a fúria não cessou,
Os remos se perderam na tormenta,
Salva-vidas definharam ao peso das almas viciosas.

Calma, o mar não se aquietará,
Levantai rogos e preces,
Nossas cabeças estão postas sob sangue inocente,
Vede, ele ofereceu-se em sacrifício,
A causa de não ser eu consumido em desgraça.

Calma, deixou o mar a sua ira,
Ele declarou que fez tudo por mim,
Até mesmo o mal sobreveio por sua causa,
E temi... Porque, se enfurecer de novo, o que farei?

Calma, não há como desertar, ninguém há de acolher,
A passar por cima de mim, a gratidão exibida
São lágrimas encerradas por ferrolhos no coração.

Calma, o inferno cercou-me, com a angústia dos perdidos,
Diante dos olhos, os lamentos são falsos sacrifícios,
Como a recompensa do ingrato, o pagamento do estelionatário,
O cordame enrolado ao pescoço, o ofício do morto.

Calma, gritei do ventre a minha oração,
Tornei a ver a sua misericórdia,
Voltou-me a vida às entranhas, a resposta aos ouvidos,
Fui convocado à sua presença, retido no tempo indefinido,
Onde se desenrola irreversível o perdão definitivo,
Como o compasso do andar imutável, sem decorrer o fim.

A obra verdadeira testifica:
Do Senhor vem a salvação.