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GALOPE
Não é esse o castigo esperado
A voz que se faz ouvir no topo do carvalho
Os prados  a chorar a seca dos dias
a consumir os palácios,
a retirar os trilhos de ferro e carregá-los por
quatro noites, e depositá-los nas
cinzas da cidade perdida.

O fogo a correr pelos vales
Por três vezes quebraram ferrolhos,
tomaram das mãos as alianças e
deram-nas aos inimigos como a
preservar a honra em conserva.

O calor dilatou-os por três
A dor multiplicou-se por quatro
Na tempestade, os alaridos da batalha
A cal derramada nas feridas, os
ossos queimados.

No meio deles e fora deles
Entre eles e sem eles
Todos e nenhum rejeitaram e
não guardaram a sua lei,
enganados pelas suas mentiras
perambularam desnorteados
como almas em quarentena.

Porque se vende a justiça por qualquer dinheiro
Porque se vende o pobre por um hambúrguer
e se morre de fome suplicando um
pouco de pó sobre a cabeça.

As roupas empenhadas e
manchadas pelo vinho tinto,
são raízes puxadas por baixo da terra,
a tornar moribundos os frutos e as folhas vivas.

A fuga é o cavalo montado,
a galope no precipício.